NOSSAS REDES SOCIAS

Saúde

Entenda a relação da comida com a fome de alma e como ela pode impactar na vida das pessoas

Publicado

em

Yasmin Brunet - Foto divulgação

Muitas vezes, depois de um dia ou situações estressantes, não sabemos lidar com as emoções que nos cercam e descontamos esta montanha-russa de sentimentos na alimentação

Durante o Big Brother Brasil deste ano, a modelo Yasmin Brunet disse no programa estar comendo muito, mas, ainda assim, sentia-se vazia. A questão chamou a atenção para um tema pouco difundido: a fome de alma. Segundo a biomédica e nutricionista Andreia Argente, esse problema vai além da fisiologia. “A fome do corpo serve para repor nutrientes. Já o comer emotivo traz conforto emocional, toda conexão, referência emocional, cultural e sempre vai estar ligada a essa fome”, explica.

Andreia conta que as causas desta fome acontecem pela necessidade de comemorar emoções — sentimentos ruins, bons, de euforia, de incerteza. Ela ainda acrescenta que comer é sempre reconfortante porque suprimos uma necessidade fisiológica, mas em seres que são emocionais.

A especialista comenta que a fome da alma pode vir de uma necessidade de satisfação, compensação de algum alimento específico ou também de uma não aceitação de um alimento saudável. “Não é sobre repor um micronutriente, vitamina ou proteína. Ela tem características próprias de abastecer a alma. Em função disso, um alimento saudável provavelmente não vai ser aceito, mas, sim, aquele específico que remete a alguma coisa, algum tipo de aconchego”, aponta.

Efeitos da fome da alma

De acordo com Andreia, a fome da alma não necessariamente precisa ser atendida com comida, mas é a forma mais fácil que as pessoas têm de suprir essa necessidade.

Ela destaca que o nosso cérebro tem um mecanismo muito similar ao do Google, já que ele tem uma inspiração na nossa mente. “Uma vez que aquela sugestão deu certo, ela sempre vai acontecer por parte do nosso inconsciente. É o que acontece quando a gente começa a digitar algo no Google. Se aquilo já foi procurado, a sugestão vem para uma economia de energia. E como o nosso cérebro economiza energia? Uma vez que você estava triste e aquela comida lhe deixou melhor, isso também vai acontecer”, pontua.

Essa ativação do nosso sistema dopaminérgico, os estímulos que são feitos nesse momento através da comida que vem para suprir a fome da alma, vai acontecer de forma natural e automática, sem haver necessidade de escolha e, assim, economizando energia cerebral.

O que fazer se sentirmos a fome da alma?

Andreia sugere que haja uma reconexão com aquilo que faz bem ao indivíduo, uma vez que muita gente perdeu o prazer na vida e não percebeu. Ela questiona o fato de as pessoas colocarem leite condensado ou algum outro produto açucarado nas frutas, fazendo o paladar perder a capacidade de aproveitar o máximo daquilo que as frutas oferecem.

Dra. Andréia Argente - Foto divulgação

Dra. Andréia Argente – Foto divulgação

A especialista diz que isso também acontece na vida quando o belo é simples, mas é contaminado pelo excesso de dopamina dos eletrônicos e de várias outras coisas. “A nossa vida também vai perdendo a graça, e a gente acaba se viciando em coisas que nos trazem dopamina de uma forma mais rápida. Conter a fome da alma, que as pessoas conhecem como fome emocional, significa resgatar aquelas coisas que conhecemos como fome emocional. Coisas simples que nos davam prazer, como conversar na porta de casa, ter uma boa conversa num barzinho com amigos, conectar-se com aquilo que realmente importa e se desconectar daquilo que a gente não tem mais tolerância”, observa.

Lidar com a fome da alma

Andreia reitera que gosta de desenvolver um trabalho com as pacientes para que elas se reconectem com o que realmente faz esse suprimento emocional. No entanto, para cada pessoa esse suprimento pode vir de uma forma diferente. “Há quem adora atividade física e quem deteste também, embora a gente saiba que é importante para a saúde. No processo de emagrecimento, por exemplo, dependendo da etapa, você pode colocar algo saudável em uma condição que atrapalha muito a sua continuidade. É importante descobrir as necessidades individuais da fome de gente, da alma e do corpo”, ressalta.

Emoções influenciam a nossa relação com a comida e o corpo

Conforme a biomédica e nutricionista, desde o primeiro contato com a alimentação, o leite materno, ele faz um contato e cria-se as primeiras conexões neurais que norteiam todo o desenvolvimento e crescimento. A comida oferece um aconchego, uma referência cultural. “A gente come por hábitos, disciplina, porque precisamos comer. Esse acolhimento fisiológico que vai acontecendo ao longo da nossa infância e continua ao longo da vida, vai nos remetendo a memórias, e o ser humano busca essas conexões, que acontece muito através da alimentação”, finaliza.

Continue lendo

MAIS LIDAS