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Saúde

Entenda a importância da microbiota intestinal para a saúde

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Mônica Iozzi - Foto divulgação

A microbiota tem o potencial de interferir em todas as áreas do corpo

No passado, a atriz Mônica Iozzi estava escalada para fazer a novela “Elas por Elas”, na TV Globo. Contudo, ao ser diagnosticada com disbiose, um estado de desequilíbrio da microbiota intestinal, a artista teve que sair da produção para cuidar da saúde. Segundo a médica Tassiana Rodrigues, a microbiota intestinal são micro-organismos que habitam o intestino, pois é o lugar em que há mais alimentos para que eles consigam se multiplicar e colonizar o órgão.

A especialista esclarece que o microbioma é composto por bactérias, fungos e restos alimentares (esses microrganismos também se alimentam dessas sobras, excretando subprodutos chamados de pós-bióticos). Isso quer dizer que as bactérias comem o que ingerimos, metabolizam e liberam produtos no nosso intestino, compondo o microbioma.

As bactérias consideradas “boas” têm subprodutos que ajudam a saúde, o sistema imunológico, o sistema nervoso central e o funcionamento intestinal. Em contrapartida, as bactérias “ruins” atrapalham a saúde, porque elas têm subprodutos com a capacidade de juntar gordura no fígado, aumentar o grau de calcificação e oxidação arterial, podendo ocasionar o risco de eventos cardiovasculares como, por exemplo, o infarto. A médica aponta que se temos bactérias “boas”, vamos produzir uma digestão mais eficaz, menos gases, um trânsito intestinal mais rápido, com evacuações diárias. Esse intestino vai estar sempre mais vazio e a absorção dos nutrientes é melhor.

As pessoas também têm impactos fora do trato digestivo, mas Tassi diz que a microbiota saudável vai estimular positivamente o sistema imunológico, deixando-o mais competente, diminuindo o risco de alergias, de câncer (que é uma doença imunológica). “Se a gente tem predominância de bactérias saudáveis, elas produzem substâncias que estimulam o nervo vago e vão chegar ao sistema nervoso central, proporcionando mais bem-estar, melhor memória, força, foco, concentração, diminuindo o risco de doenças neurodegenerativas, como é o Alzheimer, Parkinson”, pontua.

Dra. Tassiana Rodrigues - Foto divulgação

Dra. Tassiana Rodrigues – Foto divulgação

A médica lembra que as bactérias saudáveis do intestino fazem o fígado ter um funcionamento mais ágil, acelerando o metabolismo, e o indivíduo fica menos inflamado, com menos dores articulares, musculares, tendo mais energia, disposição e sono reparador. No entanto, ela destaca que se as pessoas têm o predomínio de bactérias patogênicas no intestino, pode acontecer, no próprio trato digestivo, mais azia, gases, distensão abdominal, constipação e o processo digestivo que poderia ser rápido, começa a ficar lento.

Dra. Tassi chama atenção para as bactérias patogênicas, que têm na sua membrana celular um componente chamado lipopolissacarídeo — gorduras saturadas que a pessoa ingere (frituras, derivados do leite, gordura hidrogenada). “Esses pedaços de lipopolissacarídeo vão ser direcionados para o fígado. Tudo que a gente come é absorvido no intestino e encaminhado para o fígado, que fica gorduroso, lento. Quando começa a ficar prejudicado, chamamos de síndrome metabólica. Esse paciente vai ter alterações do colesterol, pré- diabetes, no futuro ele vai desenvolver diabetes, além de começar a se sentir cansado porque o fígado é o nosso produtor de energia”, explica.

Outro ponto importante levantado pela especialista é que o fígado direciona nutrientes para o corpo. O paciente pode começar a ter alterações de pele, hormonais e apresentar problemas de memória. Com a falta de energia do fígado, Tassiana comenta que pode surgir a fibromialgia, além de as artérias serem prejudicadas, ocasionando o excesso de produção de radicais livres — começa a oxidar o endotélio (a camada mais interna das artérias). A gordura oxidada vai gerar placas e o crescimento delas podem obstruir alguma artéria, causando infarto ou acidente vascular cerebral (AVC).

Hábitos que alteram a composição da flora intestinal

De acordo com a médica, o principal hábito que vai alterar a composição da flora intestinal é a alimentação, pois as bactérias são alimentadas daquilo que comemos. Entretanto, como observa Tassiana, outros fatores podem ser mencionados, como segurar a vontade de ir ao banheiro, que gera alterações na microbiota intestinal (o estado emocional acaba impactando nesse funcionamento) e a quantidade de água ingerida. “O ideal é que a gente mantenha uma hidratação ao longo do dia para a manutenção do pH intestinal”, conta.

Relação do intestino com o cérebro

Conforme a especialista, a relação do intestino com o cérebro é estabelecida por meio de um nervo chamado vago, que leva informações do que acontece nas vísceras, em alguns órgãos abdominais (intestino, estômago, glândula suprarrenal) e torácicos (pulmão e coração).

Tassiana ressalta que 90% das fibras do nervo vago vão da periferia do tórax, do abdômen, para o sistema nervoso central. “Se esse ambiente intestinal está inflamado, se tem gordura visceral e ela está produzindo as substâncias inflamatórias, o nervo vago leva informações desse estado inflamatório para o cérebro, que começa a ficar inflamado também”, salienta.

A médica cita que é fundamental manter a saúde intestinal, pois existe um aumento de doenças degenerativas em pacientes que têm problemas intestinais, seja a famosa prisão de ventre ou alteração da microbiota.

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