NOSSAS REDES SOCIAS

Notícias

Transcidadania completa 10 anos promovendo autonomia para pessoas trans e travestis

Publicado

em

Criado em 2015 para promover a inclusão social e os direitos de pessoas trans e travestis, o Programa Transcidadania celebra uma década de impacto e conquistas. No dia 31 de janeiro de 2025, a iniciativa comemora a formatura de 186 beneficiárias que concluíram os ensinos fundamental e médio, reafirmando seu compromisso com a educação e a cidadania. O evento acontecerá na Sala do Conservatório da Praça das Artes, a partir das 19h.

Realizado pela Coordenação de Políticas para LGBTI+ da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC) em parceria com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo (SMDET), o Transcidadania se consolidou como referência nacional e internacional. Para Léo Áquila, Coordenadora de Políticas para LGBTI+ e primeira mulher trans a ocupar o cargo, o programa representa uma transformação real:

“O Transcidadania se tornou modelo para o Brasil e o mundo, oferecendo oportunidades concretas e encorajando a comunidade a acreditar no poder do conhecimento. Nosso objetivo é expandir ainda mais o programa, aumentando a cobertura escolar e otimizando os recursos.”

Educação e suporte financeiro: a virada de chave para a autonomia

Um dos diferenciais do Transcidadania é a oferta de uma bolsa auxílio mensal de R$ 1.593,90, permitindo que os beneficiários concluam seus estudos sem a necessidade de interromper a formação para buscar subsistência. Com duração de 36 meses, o programa é uma oportunidade de reconstrução para muitas pessoas que tiveram seus trajetos educacionais interrompidos pelo preconceito e pela falta de apoio familiar.

Dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA) apontam que a expectativa de vida da população trans no Brasil é de apenas 35 anos, menos da metade da média nacional para pessoas cisgênero. Além disso, o país lidera o ranking de homicídios de pessoas trans há 16 anos consecutivos.

O estudo “Mapeamento de Pessoas Trans na Cidade de São Paulo”, conduzido pelo Centro de Estudos de Cultura Contemporânea (CEDEC) entre 2019 e 2021, revela que a maioria da população trans paulistana é composta por mulheres trans e travestis jovens (70%), solteiras (75%), negras ou pardas (57%), e com escolaridade média incompleta (51%). A pesquisa também constatou que 75% das pessoas trans deixam de morar com a família precocemente, enfrentando barreiras no mercado de trabalho que frequentemente as empurram para atividades como o mercado sexual, estética e artes.

Expansão e fortalecimento do Transcidadania

Ao longo dos anos, o Transcidadania tem ampliado suas vagas e benefícios. O programa começou com 100 vagas e uma bolsa de R$ 827,40 em 2015. Em 2025, esse número saltou para 1.020 vagas, com o auxílio chegando a R$ 1.593,90.

A carga horária do curso é de 30 horas semanais, e os participantes têm acesso a apoio psicológico, jurídico, social e pedagógico. Além disso, o programa oferece formação em direitos humanos, cidadania e qualificação profissional, com atividades realizadas nos cinco Centros de Cidadania LGBTI+ espalhados pela cidade.

Como participar

Os critérios para participar do Transcidadania incluem:
✅ Ter mais de 18 anos
✅ Residir na cidade de São Paulo há pelo menos 2 anos
✅ Se autodeclarar pessoa transexual ou travesti
✅ Estar matriculado(a) no Ensino Básico/EJA (Fundamental ou Médio)
✅ Ter renda familiar per capita de até 1 salário mínimo nacional vigente
✅ Caso não tenha família, a renda bruta mensal não pode ultrapassar 50% do salário mínimo

Completando 10 anos de impacto e transformação, o Transcidadania reafirma seu compromisso com a autonomia e a dignidade da população trans e travesti, garantindo não apenas educação, mas também um futuro com mais oportunidades e equidade.

Colunista : Daniel Steve
Instagram :  @jornalistadanielsteve

Continue lendo

MAIS LIDAS