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Saúde

A importância de viver o luto

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Eliana e Gisele Bündchen - Foto divulgação

Médica diz que, geralmente, o luto dura entre seis meses a um ano. Contudo, não viver o luto ou vivê-lo por tempo demais necessita de atenção e muitas vezes suporte de um terapeuta

No começo do ano, a apresentadora Eliana perdeu o pai. Na mesma época, a ex-modelo Gisele Bündchen perdeu a mãe. As duas personalidades utilizaram as redes sociais para se despedirem por meio de declarações que comoveram o público. No entanto, a médica Juliana Walsh comenta que falar de morte e luto ainda são tabus, pois aprendemos ao longo da vida a ter medo do assunto. Ela diz que mesmo em culturas mais espiritualistas, em que as pessoas acreditam na vida após a morte, a maioria não está preparada. “As pessoas evitam falar, mas isso só alimenta ainda mais o medo e nos torna mais despreparados para esse momento inevitável”, aponta.

Juliana diz que durante o luto aprendemos a aceitar a nova vida. “Obviamente dói. A saudade muitas vezes sufoca, mas é nesse momento que internalizamos que aquela pessoa não está mais aqui fisicamente, e encontramos outros motivos para seguir sem ela”, pontua.

A médica chama atenção que muitas pessoas sufocam esse luto, preferindo não falar sobre a perda, fingindo que nada aconteceu, mas por dentro as emoções estão desorganizadas. Isso certamente vai gerar uma série de problemas emocionais e físicos no futuro.

Lembranças

A especialista conta que em 2017 perdeu um filho com 13 dias de vida, após um engasgo. Ela relata que durante muito tempo só conseguia ter lembranças daquelas cenas, sentia-se muito culpada e não conseguia se curar da depressão. “Quando comecei a estudar medicina quântica e energética, entendi que o nosso cérebro não sabe diferenciar o que é imaginação ou lembrança do que é realidade. Decidi não lembrar mais daquelas cenas. Cada vez que relembrava aqueles momentos finais, meu corpo reagia como se estivesse vivendo tudo de novo. Eu tinha as mesmas sensações e sofria da mesma forma como no dia em que ele morreu”, recorda-se.

Entretanto, Juliana fala que hoje não sofre mais, e que ao chorar, as lágrimas são saudosas, cheias de amor e sem dor. Ela cita que ter a consciência de como o nosso cérebro funciona torna o processo mais fácil.

O luto e o isolamento

A médica destaca que no começo, principalmente no primeiro mês, o indivíduo vive na esperança de acordar de um pesadelo. É um momento de reflexão e muita coisa precisa ser ressignificada. Não adianta atropelar as emoções e fingir que nada aconteceu, mas a pessoa não pode ficar isolada tempo demais, já que a vida precisa seguir e muitas vezes as respostas que precisamos para a nossa cura vem no dia a dia de onde menos esperamos.

Dra. Juliana Serra Walsh - Foto divulgação

Dra. Juliana Serra Walsh – Foto divulgação

Além disso, Juliana pondera que a mente precisa estar ocupada nesse momento tão difícil. “Retornei ao trabalho 40 dias após a morte do meu filho. Eu tinha direito a seis meses de licença, mas escolhi voltar antes. Foi muito difícil no início, pois eu não tinha vontade nem forças para ajudar ninguém. Sou médica, e as pessoas me procuravam porque estavam doentes e precisavam de ajuda, mas eu também precisava de ajuda naquele momento. Foi nesta troca do dia a dia que fui me curando. Eu costumava dizer que dava para os meus pacientes o amor que não podia mais dar para o meu filho. Atendi e conversei com muitas mães que também viviam um luto patológico. Certamente, sair do isolamento, ajudou na minha cura”, compartilha.

O papel da família e dos amigos

Para a médica, o papel é estar ao lado sempre que o enlutado precisar. Não precisa falar nada, só ouça. Ela observa que muitas pessoas têm medo de chegar perto, de falar algo que não deve, e fingem que nada aconteceu. “O que eu sentia e percebo também nos meus pacientes, é que precisamos falar daquela pessoa que morreu, e as pessoas não querem ouvir, não sabem como lidar, e isso dói demais. Também não adianta ficar lamentando ou lembrando momentos ruins, isso não vai ajudar”, argumenta.

Sentimentos oscilantes

Juliana afirma que no primeiro ano há oscilação de emoções positivas e negativas, mas depois elas amenizam. A especialista explica que acreditar na existência de algo maior, que a vida não termina aqui e que Deus sempre quer o nosso melhor, é de extrema importância para que esse processo seja mais leve. “Existem culturas que “comemoram” a morte, pois a entendem como uma libertação do corpo físico e renascimento para a verdadeira vida. Hoje é assim que enxergo e tento educar meus filhos, para que no momento necessário e inevitável, eles consigam passar pelo luto de forma leve e até mesmo feliz”, finaliza.

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