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Saúde

Câncer de tireoide ocupa a sétima posição entre os tipos mais frequentes no Brasil

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Carla Diaz e Sofía Vergara - Foto divulgação

Mulheres são as mais atingidas

O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que no triênio de 2023 a 2025, os números de câncer de tireoide podem chegar a 16.660 casos, o que corresponde a um risco estimado de 7,68 por 100 mil habitantes, sendo 2.500 em homens e 14.160 em mulheres. Esses valores correspondem a um risco de 2,33 casos novos a cada 100 mil homens e 12,79 a cada 100 mil mulheres. As atrizes Carla Diaz e Sofía Vergara são duas personalidades famosas que enfrentaram e venceram a doença.

Segundo a oncologista Maria Cristina Figueroa Magalhães, a razão pela qual o câncer de tireoide afeta mais as mulheres que os homens não é completamente compreendida, mas alguns fatores hormonais podem desempenhar um papel nesta diferença de incidência. “Uma das hipóteses desta diferença de incidência entre os gêneros se explica pelo fato de mulheres buscarem mais a realização de exames”, aponta.

Tipos mais comuns de tumores na tireoide

Carcinoma papilífero: é o tipo mais comum, representando cerca de 80% dos casos. Geralmente, o crescimento é lento e tem um bom prognóstico.

Carcinoma folicular: representa cerca de 10-15% dos casos. Pode se espalhar para outros órgãos através da corrente sanguínea, tornando-o um pouco mais agressivo que o papilífero.

Carcinoma medular: representa cerca de 5-10% dos casos. Origina-se nas células C da tireoide, que produzem calcitonina. Pode estar associado a síndromes genéticas como a Síndrome de Neoplasia Endócrina Múltipla tipo 2 (MEN 2).

Carcinoma anaplásico: é raro, mas muito agressivo. Representa menos de 5% dos casos e tem um prognóstico ruim devido ao seu crescimento rápido e à sua tendência a invadir tecidos próximos.

Sintomas

A oncologista diz que os possíveis sintomas podem incluir nódulo ou massa palpável na região do pescoço; alterações na voz, como rouquidão persistente; dificuldade para engolir ou respirar; dor no pescoço que pode irradiar para a orelha e linfonodos inchados no pescoço.

Diagnóstico

Exame físico: avaliação do nódulo pela palpação.

Ultrassonografia da tireoide: para visualizar as características dos nódulos.

Exames laboratoriais: testes de função tireoidiana (como TSH e T4) e dosagem de marcadores específicos (como calcitonina para carcinoma medular; tireoglobulina).

Punção por agulha fina (Paaf): coleta de células do nódulo para análise citológica.

Fatores de risco

Exposição a radiações ionizantes, especialmente durante a infância; história familiar, como síndromes genéticas (MEN 2) e predisposição familiar para câncer de tireoide; doenças preexistentes da tireoide, como o bócio; mulheres e pessoas mais jovens têm maior risco; predisposições genéticas podem aumentar o risco.

Tratamento

A médica conta que os tratamentos variam dependendo do tipo e da extensão da doença. As principais abordagens incluem:

Cirurgia: é mais comum e envolve geralmente a remoção parcial ou total da tireoide (tireoidectomia). A cirurgia é recomendada para a maioria dos tipos de câncer de tireoide (papilífero e o folicular).

Terapia com iodo radioativo: Após a cirurgia, pode ser utilizada para destruir células cancerosas remanescentes e reduzir o risco de recidiva. A avaliação se faz a partir dos dados anatomopatológicos da peça cirúrgica.

Terapia hormonal: uso de hormônios tireoidianos (levotiroxina) para suprimir a produção de TSH (hormônio estimulador da tireoide) e reduzir o risco de recidiva.

Radioterapia externa: pode ser usada em casos de carcinoma anaplásico ou quando a cirurgia não é possível.

Tratamentos direcionados e imunoterapia: estão em desenvolvimento e podem ser utilizados em casos mais avançados ou agressivos.

Diagnóstico precoce

Maria Cristina explica que o diagnóstico precoce é importante devido aos seguintes fatores: Melhor Prognóstico: o câncer de tireoide, como o tipo papilífero, tem um prognóstico muito melhor quando diagnosticado precocemente. A maioria dos casos é curável se detectada antes que se espalhe para outras partes do corpo.

Tratamento menos agressivo: menos tecidos podem ser removidos durante a cirurgia, preservando mais da função da tireoide.

Monitoramento e intervenção rápida: detectar o câncer em estádios iniciais permite monitorar a progressão e intervir rapidamente se houver sinais de mudança, melhorando as chances de um tratamento bem-sucedido.

Dra. Maria Cristina - Foto divulgação

Dra. Maria Cristina – Foto divulgação

Rastreamento

Maria Cristina chama atenção que o rastreamento é uma estratégia dirigida a um grupo populacional específico, na qual o balanço entre benefícios e riscos dessa prática é mais favorável, com maior impacto na redução da mortalidade. Os benefícios são o melhor prognóstico da doença, com tratamento mais efetivo e menor morbidade associada.

Os riscos ou malefícios incluem os resultados falso-positivos, que geram ansiedade e excesso de exames; os resultados falso-negativos, que dão a sensação de falsa tranquilidade para o paciente; o sobrediagnóstico e o sobretratamento, relacionados à identificação de tumores de comportamento indolente (diagnosticados e tratados sem que representem ameaça à vida) e os possíveis riscos do teste elegível (BRASIL, 2010; INCA,2021). “Não há evidência científica de que o rastreamento do câncer de tireoide traga mais benefícios do que riscos e, portanto, até o momento, ele não é recomendado (WHO, 2007; USPSTF, 2017)”, ressalta a oncologista.

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