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Saúde

Entenda as doenças cardíacas em atletas

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Washington e Christian Eriksen - Foto divulgação

A principal forma de prevenir a morte súbita no esporte é através da avaliação cardiológica pré-participação que inclui história clínica e eletrocardiograma, podendo contar ainda com ecocardiograma e teste ergométrico.

Durante muito tempo, a doença cardíaca era vista como o fim da carreira do atleta. O cardiologista Frederico Scuotto diz que esse é um conceito do passado. Ele conta que os esportistas profissionais de hoje lidam com os mais variados problemas cardíacos, atuando em modalidades competitivas, porém, sempre com supervisão médica. O especialista lembra o caso de sucesso do ex-jogador de futebol Washington (jogou nos times do Fluminense e Atlético-PR), conhecido como “Coração Valente”. O atacante teve uma cardiopatia diagnosticada. No entanto, ele atuou por muito tempo após a desobstrução das artérias coronárias por meio de angioplastia e implante de stent até se aposentar dos gramados. Em junho de 2021, Christian Eriksen, jogador de futebol dinamarquês, sofreu parada cardiorrespiratória em campo enquanto defendia a seleção de seu país na fase de grupos da Eurocopa. Depois do episódio, ele colocou um cardiodesfibrilador implantável (CDI). “Isso não significa, porém, que a permissão da prática esportiva se aplique a todos os casos. O meia argentino Aguero foi impedido de continuar sua carreira devido à detecção de uma doença cardíaca, culminando na sua aposentadoria precoce”, explica.

O médico reforça que o problema pode ser administrado das mais variadas formas. Alguns atletas podem precisar de acompanhamento, outros de ablação cardíaca (como por exemplo da Síndrome de Wolff-Parkinson-White), outros podem necessitar do implante de dispositivos cardíacos como marcapasso e cardioversor-desfibrilador implantável (CDI). Atletas jogando com dispositivos cardíacos ainda são uma novidade no esporte e poucos atletas, como Erikssen, podem seguir a carreira normalmente, uma vez que o CDI normalmente trata uma arritmia grave que pode ser deflagrada pelo esforço físico. Desta forma, na presença da causa mais comum de morte súbita em atletas até 35 anos, a Miocardiopatia Hipertrófica, aqueles atletas que apresentam indicação de CDI por conta desta condição são aconselhados a interromper a praticar atividade física.

Coração de atleta
Scuotto esclarece que é a adaptação fisiológica do coração ao exercício de alta intensidade. Normalmente, o atleta tem o coração aumentado, as paredes espessadas (hipertrofia) e suas cavidades mais dilatadas para receber e impulsionar maior volume de sangue a cada batimento. Outra adaptação fisiológica do coração do atleta é a frequência cardíaca menor em repouso, permitindo com que ele inicie e faça sua carga de exercícios com menor gasto energético. Segundo o cardiologista, o coração hipertrofiado do atleta, muitas vezes, tem o diagnóstico diferencial importante com a miocardiopatia hipertrófica — a principal causa de morte súbita em atletas até 35 anos e também apresenta hipertrofia cardíaca, porém em áreas específicas do coração — ao contrário do coração de atleta que geralmente apresenta hipertrofia de forma difusa.

Orientação médica
“Temos muitos atletas profissionais e amadores que fazem acompanhamento cardiológico conosco. Isso também ocorre porque na maioria das vezes é o arritmologista que vai ter a palavra final no manejo do quadro e na liberação do atleta para atividade física”, diz o especialista. Scuotto comenta que na prática clínica, ele faz a prevenção detalhada de eventos cardíacos em atletas. Ele ressalta que além da história clínica e exame físico, deve-se saber como é o treinamento, a prática esportiva, peculiaridades do treinamento e fisioterapia.

Dr. Frederico Scuotto - Foto divulgação

Dr. Frederico Scuotto – Foto divulgação

Conforme o médico, o atleta de alta performance passa por uma bateria de exames como o eletrocardiograma, ecocardiograma, teste ergométrico ou teste cardiopulmonar (a depender da intensidade do exercício), Mapa de 24h, Holter. A partir dos exames pode haver a necessidade de solicitação de outros, já que em cada passo da avaliação, a atividade física, intensidade e duração do treinamento são reavaliados, determinando um acompanhamento bem próximo do atleta na sua prática de exercícios diários.

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